A Necropolítica e o Neoliberalismo no Contexto da COVID-19

Autores

  • Rogério Luís da Rocha Seixas

Resumo

Dentro de nossa proposta de discussão, desenvolveremos considerações que julgamos importantes com referência à noção de Necropolítica, enquanto política de morte e ao sentido de exercício do necropoder, propostas pelo pensador camaronês Achille Mbembe e como essas se desenrolam no contexto atual da pandemia da COVID-19. Exporemos de modo crítico que pandemias deste tipo são, sobretudo, fomentadas por políticas que trazem consigo pulsões de morte, ou seja, o exercício pleno da necropolítica. Problematizaremos assim, à luz dos aportes teóricos da reflexão de Mbembe, algumas questões políticas e éticas presentes no contexto da eclosão da pandemia do Coronavírus, objetivando também analisar aspectos de nossa atualidade política, marcada por uma lógica neoliberal hegemônica e intensamente destrutiva, presente na forma da gestão das condições de saúde e da vida da população, por parte dos Estados contemporâneos, que em seu exercício de soberania de fazer matar, o exercem sob uma perspectiva que decide, justamente, em que momento a vida de uma determinada população ou subgrupo deixa de ser economicamente relevante e, consequentemente, pode ser eliminada. Expressa-se o trabalho de morte da política sobre os indivíduos considerados supérfluos, segundo a lógica neoliberal atual e que, na condição de não mais requisitados a despenderem sua força de trabalho no interior de um processo produtivo amplo, são consideradas vidas sacrificáveis e elimináveis.

Palavras-chave: COVID-19. Lógica Neoliberal. Necropoder. Necropolítica.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer. O poder soberano e a vida nua. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte; Editora UFMG, 2002.

BARRIOS, Juan et al. Necropolítica, una revisión crítica. México: Universidad Autónoma de México, 2012.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. Tradução de Pedro Elói Duarte. Lisboa: Edições 70, 2010.

______. Segurança, Território, População. Cursos do Collége de France. (1977-1978).

Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.

______. É Preciso Defender a Sociedade. Curso do Collége de France (1975-1976).

Tradução de Carlos Correia M. de Oliveira. Lisboa: Editora Livros Brasil, 2006.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. Rio de Janeiro: n-1 edições, 2018.

______. A Era do Humanismo está terminando. Tradução de André Langer. Revista do Instituto Humanitas Unisinos/IHU- On-line - Edição 186 - São Leopoldo/RS, 2017.

______. Crítica da Razão Negra. Tradução de Marta Lança. Lisboa: Editora Antígona, 2014.

Downloads